Encontro proposto pela Amavi busca unir esforços em busca de recursos
Marcelo Zemke
O Plano da Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA) de contenção de cheias, voltou a ser pauta entre prefeitos e demais lideranças políticas e de classes. A mobilização para a retomada do plano Jica no Alto Vale reuniu refeitos do Alto e Médio Vale do Itajaí, Foz do Rio Itajaí, deputados federais e estaduais, defesa civil e entidades de classe em Rio do Sul. O encontro, promovido pela Amani, foi conduzido pelo ex-secretário de Estado da Defesa Civil, Rodrigo Moratelli. Ele acompanhou o episódio de cheias das últimas semanas no Alto Vale.
Conforme Moratelli, o Jica caiu no esquecimento nos últimos cinco anos, sendo que neste período, nenhuma ação efetiva foi realizada. Ele disse que é preciso fazer com que estes projetos virem ações. “As pessoas devem que ter engajamento por algo que é bom para a região. É o momento de alinhar os interesses políticos, interesses técnicos, e o envolvimento social”.
Criado para a prevenção e mitigação de desastres na bacia do Rio Itajaí. O projeto é uma cooperação técnica iniciada em 2009 com a Agência de Cooperação Internacional do Japão que resultou nos estudos e na seleção de prioridades que compõem o plano atual. “Toda a cheia serve para aprendermos. Nessa enchente eu relembrei várias coisas que eu havia esquecido ao longo de cinco anos e meio, que é trabalhar com um propósito único e coletivo, atender a todos, indiferente do local e da situação em que se encontra e principalmente, que a gente entenda que vivemos em sociedade e em comunidade”, disse Moratelli.
O plano consiste também na construção de sete barragens em cinco municípios do Alto Vale (Pouso Redondo, Petrolândia, Mirim Doce, Trombudo Central. O assunto é polêmico e é debatido há 10 anos.
Os acumulados de chuva da primeira quinzena de outubro superaram o esperado para o mês em todas as regiões. O destaque foi o Vale do Itajaí, onde choveu mais de três vezes o normal para o mês todo. Os volumes variaram, com pontuais acima de 500 milímetros.
Conforme o prefeito de Blumenau e presidente da Amve, Mário Hildebrandt, disse que as ações devem ser fortalecidas em conjunto. “ É uma preocupação nossa. O foco é o que nós, como prefeitos, podemos fazer para trazer o projeto Jica em uma ação de resultado efetivo para beneficiar todo o Vale. Esse projeto Jica, no valor de R$5bilhões, não se realiza da noite para dia, mas se ele for aplicado em medidas corretas, tenho certeza que em alguns anos podem ser entregues grandes obras”, disse.
Não há problemas estruturais na Barragem Norte
O prefeito em exercício de Ibirama, Jucélio de Andrade destacou os problemas ocasionados pelas chuvas do último evento no município e a preocupação dos prefeitos com a Barragem Norte. “Não temos os problemas das cheias em nosso município, mas temos um agravante que são os deslizamentos. Outro ponto é o impacto causado pela Barragem Norte”, disse.
Ao falara sobre a Barragem Norte, Rodrigo Moratelli, garantiu que não há problemas na estrutura. “Nós não temos problema nenhum na barragem de José Boiteux. Nós temos sim, uma casa de máquinas que estava pronta em 2014 e que foi destruída e o imbróglio que tem que ser resolvido, pois ninguém consegue por a mão na barragem”, disse.
Sobre as tratativas com a comunidade indígena, ele pontuou que existe um plano de operação de barragem que deve ser seguido e que não deve haver uma nova negociação cada vez que se for operar a estrutura. “Eles também fazem parte do Vale e existe um acordo com a comunidade indígena que deve ser seguido. Durante a crise se cumpre acordo, não se negocia novamente”, enfatizou.
Ele disse que chamou a atenção um valor de R$472mil em ações para comunidade indígena. “Esse valor separado tem que estar dentro dos dados da bacia do Vale do Itajaí. Eles também são moradores do Alto Vale e são catarinenses”.
A Barragem Norte começou a ser construída em 1972 para conter enchentes nas cidades do Médio Vale e trouxe impactos para famílias de José Boiteux, Vitor Meireles, Dr. Pedrinho e Itaiópolis, já que o reservatório atingiu terras habitadas pelos indígenas desde a década de 40, por isso as famílias cobram a reparação de danos.
Projeto Jica
A ideia da reunião promovida pela Amavi foi unir esforços das três associações de municípios para colher junto ao governo do estado e federal, recursos para as obras do projeto Jica.
O projeto envolve obras das barragens já existentes, construções de novas mini barragens, desassoreamento do rio, canal extravasor e uma série de ações pontuadas para evitar novas catástrofes na região.