Foto: Eduardo Valente / GOVSC
Marcelo Zemke
Na tarde desta quinta-feira, dia 05, o governador Jorginho Mello esteve reunido com prefeitos do Alto Vale, em Rio do Sul, e ressaltou que o Estado segue no trabalho de pronta resposta auxiliando, especialmente, famílias mais vulneráveis. “O momento é de alerta e temos que unir nossas forças. Enquanto o Governo do Estado trabalha para socorrer a população, nós precisamos que as pessoas se protejam, sigam as orientações da Defesa Civil, dos bombeiros militares e procurem ajuda sempre que necessário”, frisa o governador.
A previsão é de altos volumes de chuva entre sexta-feira, 6, e domingo, 8.
Segundo o governador, este é o momento de cuidar das pessoas e auxiliar na retirada dos moradores de áreas de risco. “Segundo a nossa Defesa Civil do Estado o nível do Rio Itajaí-Açu pode ultrapassar os nove metros nos próximos dias. Por isso, estamos com os Bombeiros e toda nossa equipe de resposta a desastres para orientar e retirar famílias que sofrem com as cheias. Precisamos unir forças e seguir as orientações das fontes oficiais para minimizar o impacto das chuvas em Santa Catarina”, ressaltou Jorginho Mello.
Barragem Norte em José Boiteux
Questionado sobre a situação de abandono da Barragem Norte em José Boiteux, Jorginho Mello pontuou: “Vamos resolver”. Ele disse que se deve buscar uma solução definitiva até o fim do ano.
A barragem é alvo de impasse entre a comunidade indígena e o governo federal, que fez a construção dentro de uma terra da etnia Xokleng legalmente demarcada. Desde 2014, quando foi invadida pela última vez, sofreu depredações e os equipamentos simplesmente sumiram. Em uma invasão anterior, em 2005, ela foi depredada. Entre as demandas com a comunidade estaria o estudo de impacto socioambiental.
A última operação aconteceu em junho de 2017, depois de negociações, a estrutura foi operada pela Defesa Civil e duas comportas foram fechadas. Atualmente, o governo de SC informou que não irá operar a barragem por conta de riscos estruturais e não poder abri-las novamente.
Em 2019 o Ministério do Desenvolvimento Regional sinalizou a liberação de R$ 16 milhões para concluir os trabalhos.
Parecia estar tudo resolvido até que um sítio arqueológico foi descoberto no traçado do canal extravasor. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) pediram um estudo do material.
Trabalho acadêmico faz simulação de rompimento da barragem
Apesar de a Barragem Norte ser considerada segura, cenários são considerados
Foto Centro Ibirama
Marcelo Zemke
Em épocas de cheias, uma das principais preocupações das pessoas está em relação à segurança das barragens. Apesar de a Barragem Norte ser considerada segura e ter a estrutura diferente da que rompeu em Brumadinho em 2019, de maneira preventiva, são considerados diversos cenários e as formas de atuação, uma delas em caso de rompimento da estrutura. O levantamento foi feito pelo Jornal Vale o Norte em 2019.
Graças à elaboração de um trabalho acadêmico de conclusão de curso da Udesc de Ibirama, de autoria do formando em engenharia sanitária, Adangelo Eldebrando Krambeck, sob orientação da professora Gabriele Vanessa Tschoke, se considerou os diversos cenários possíveis em caso de um desastre, simulações de inundações em Ibirama, tempo para uma plano de ação, alertas, entre outros.
De acordo com o autor, o trabalho busca suprir a exigência da Política Nacional de Segurança de Barragens, lei nº 12.334 de 2010, traz o plano de segurança como um dos elementos obrigatórios em uma barragem com dano potencial associado.
Os resultados demonstraram que o pico da onda de cheia deve atingir o município de José Boiteux cerca de 3 horas após o início do rompimento da barragem, atingindo a elevação 287 m. Já com relação ao centro do município de Ibirama, o maior nível de água deve ocorrer 5 horas após o início do rompimento, com uma elevação 171 m. “Este trabalho trouxe a simulação do rompimento hipotético da Barragem Norte. Com base em fórmulas empíricas chegou-se a parâmetros de brecha possíveis para a barragem estudada. Através da simulação no software foi possível gerar hidrogramas de ondas de cheia no vale a jusante. Por meio destes resultados, é possível estudar uma melhor resposta ao evento de rompimento da Barragem Norte. Com isto, pode-se auxiliar na construção do plano de contingência para o município de Ibirama”, justifica a autora.
Outro trabalho de TCC é da então acadêmica Rebeca Schnitzer, que trata do cancelamento de aulas e planos de evacuação frente a eventos hidrológicos com propostas quatro rotas alternativas que possibilitariam o tráfego durante estes eventos (inundações e deslizamentos). O material, que pode ser aplicado na comunidade, é uma proposta para o diretor geral do Ceavi tomar a decisão do cancelamento com uma base de dados mais concreta, não dispensando o devido contato direto com a defesa civil do município.
O material elaborado foi disponibilizado à Defesa Civil de Ibirama.
Simulação
Para a simulação de rompimento da barragem, foi utilizado um software que realizou cálculos de escoamento permanente e não permanente, transporte de sedimentos e modelagem da qualidade da água. No pior cenário, após o rompimento da estrutura em José Boiteux, se teria duas horas para se trabalhar com um plano de contingência.
Em uma das simulações utilizadas, no Distrito de Dalbérgia, mostrou o pico da onda cheia após cinco horas do início da ruptura, alcançando uma elevação de, aproximadamente, 264 metros. O que seria uma cheia de 17 metros acima da calha do rio.
No trecho em que o rio que faz limite com os bairros da Bela Vista e Ponto Chique, o pico máximo da cheia seria em 5 horas após o início da formação da brecha, resultando em uma elevação de inundação de 176 metros, aproximadamente 10 metros acima da calha do rio.
No Centro, a cheia alcançaria, conforme a simulação cerca de 12 metros acima do nível normal do rio. O Banco Bradesco, próximo à prefeitura, iria ficar com ponta do para-raios de fora da água. Nas imediações da Rua Tiradentes, a cheia alcançaria o prédio onde está Viacredi de Ibirama, atrás da igreja Matriz Santo Huberto.