A superlua, fenômeno que acontece devido à proximidade da lua com a Terra, volta a iluminar os céus na noite do dia 30 de agosto e, associada a outros fatores climatológicos, pode implicar uma variação de maré maior do que o comum, como ocorreu no dia 1º deste mês, impedindo as atividades de navegação e de pesca em Santa Catarina. Para ajudar a reduzir os custos das operações portuárias e aumentar a segurança da navegação no Estado, a EPAGRI/CIRAM dispõe de uma rede maregráfica que registra a altura da maré e disponibiliza esse dado em tempo real à sociedade, principalmente à pesca e à navegação comercial, setores que dependem do tempo e do mar para as atividades produtivas.
“Do ponto de vista prático, essas marés afetam especialmente a navegação comercial, muitas vezes exigindo o cancelamento das operações portuárias pela falta de calado”, ressalta o pesquisador da EPAGRI/CIRAM, Matias Boll. Ele comenta que os navios cargueiros são cada vez maiores e precisam de canais de acesso cada vez mais profundos para acessar os portos que geralmente operam em baías ou na foz de um rio mais protegido, como a baía de Babitonga ou o rio Itajaí, por exemplo.
A seguir, Matias divulga como vão ficar as condições do mar na costa catarinense sob a influência da superlua, com dados disponibilizados pela rede maregrática da EPAGRI/CIRAM.
Previsão das marés
No que se refere às previsões meteorológicas e oceanográficas para esta segunda superlua do mês, Matias afirma que, após o vento sul que atuou até o dia 28 de agosto, o litoral catarinense terá três dias com uma espécie de calmaria, com previsão de ventos fracos, sem direção muito definida. “Será nesse cenário que teremos a superlua na quarta-feira, 30, às 22h45min. Um espetáculo para quem mora perto da praia. Mas somente em setembro deverá ocorrer um alinhamento das massas de ar e o predomínio significativo de ventos do quadrante Norte/Nordeste. E aí sim, poderemos ter eventos de maré importantes, não de alagamento, mas no sentido contrário, com a presença de marés muito baixas, especialmente no dia 2 de setembro, ainda sob influência da superlua”, explica Matias.
Segundo ele, a dominância dos ventos do quadrante Norte e Nordeste, aliados à alta pressão, tende a “empurrar” as águas costeiras para longe da costa no hemisfério Sul, levando o mar a níveis muito baixos na descida da maré. “Esse evento também pode ser exacerbado pela presença de águas mais frias no litoral de Santa Catarina neste final de agosto. Acontece que, à medida que a temperatura do mar baixa, as moléculas da água literalmente ‘encolhem’, afetando negativamente a altura da maré. Não por acaso, é no período de agosto a outubro que normalmente são registrados os níveis mínimos anuais da altura da maré no Estado”, salienta o pesquisador.
Matias também explica que a situação que se configurou entre os dias 24 e 28 de agosto, com a entrada de ar polar através de um vento sul muito persistente, costuma influenciar fortemente as marés na costa de Santa Catarina. “Se tivesse chegado junto com a superlua, certamente teríamos alagamentos históricos no litoral. Mas os ventos gelados estavam ‘decididos’ a acabar com o surpreendente veranico de agosto e acabaram chegando um pouco antes da lua cheia. Isso provocou uma significativa altura das marés, mas não a ponto de provocar alagamentos”, diz ele.
O que é a superlua
Segundo a NASA (agência espacial americana), o termo superlua é explicado pela ocorrência de uma lua cheia justamente num momento em que a lua está mais próxima da terra (perigeu). A distância entre a lua e a Terra pode variar entre 360 e 400 mil quilômetros. “Ou seja, daria para dizer que em agosto deste ano a lua estará 40 mil quilômetros mais perto do nosso planeta. Para ter uma ideia, essa distância é um pouco mais que 10 viagens de carro entre São Paulo e Manaus. É por isso que a superlua aparece 8% maior e com 16% mais brilho para nós”, revela o pesquisador.