Atividade “Eu Sou Assim” Me Amo, Me Aceito, Sou Capaz!”, visa melhorar a autoestima e o desempenho em sala de aula.
A infância é uma fase muito importante na vida de qualquer pessoa. Aquilo que fazemos ou ouvimos nessa etapa do processo de amadurecimento nos marca profundamente. Mas nem sempre tudo que ouvimos de outras pessoas, especialmente de forma pejorativa, nos agrada, podendo nos marcar negativamente.
Para melhorar a autoestima e evitar o bullying entre os alunos de 3º e 4º ano, e consequente também melhorar o desempenho escolar dos alunos, a escola Municipal Verônica Keil, do Bairro Areado em Ibirama, desenvolveu a atividade “Eu Sou Assim” Me Amo, Me Aceito, Sou Capaz!”.
Conforme a professora de séries iniciais, Tárcia Malani, o projeto iniciou ao observar os alunos em sala de aula. Ela disse à Rede Vale Norte, que frequentemente ouvia comentários entre os alunos, referente ao modo do cabelo, roupas ou jeito de falar ou se portar. “Eu me incomodava bastante com isso em sala de aula”.
Com o objetivo era fazer com que os alunos se vissem de forma positiva, a professora iniciou atividades para eliminar o bullying entre os alunos. A primeira atividade foi a apresentação do filme ‘Extraordinário’, para as crianças.
A trama narra a vida escolar de um garoto que nasceu com uma deformação facial, o que fez com que passasse por 27 cirurgias plásticas. Na escola ele precisa lidar com a sensação constante de ser sempre observado e avaliado por todos à sua volta. “Esse filme traz muito do estávamos vivendo em sala de aula, como aceitar o próximo e se aceitar. Assistimos o filme e realizamos discussão em rodas de conversa”, conta Tárcia.
Ela desenvolveu ainda, atividades textuais, sobre qualidades individuais de cada aluno. “Todos temos um lado bom e um ruim. Muitas vezes, ressaltamos em nossos colegas e nas pessoas o lado ruim. Temos as nossas qualidades e gostaria de trabalhar isso neles”.
Ela conta que a ideia era ressaltar a qualidade em forma de superpoderes de um herói, mas percebeu que as crianças tinham muita dificuldade de apontar as próprias qualidades. “Aí veio a ideia de ir a um salão de beleza ou uma barbearia”, revela.
Dia de beleza
Quando se trabalha a autoestima desde a infância, os estudantes podem se tornar adultos mais confiantes e seguros de si. Com este propósito, a professora Tárcia resolveu trabalhar a beleza das crianças, para que elas se sentissem bem consigo mesmas e mais confiantes.
Ela resolveu levar os alunos para um salão de beleza, já que muitos deles, nunca haviam estado neste tipo de ambiente. Cerca de 50 crianças foram atendidas em um salão de beleza. “Percebi que muitas crianças nunca haviam estado em um salão de beleza ou um barber shop. Então pensei: Porque não ir e exaltar mais ainda a beleza deles”.
Com a parceria da direção da escola e a Barbearia Galeria e o salão de beleza Status Cabeleireiros, cerca de 50 crianças foram atendidas em um salão de beleza onde reverberam cortes de cabelo estilosos para os meninos ou penteados, manicures e maquiagens para a meninas. “Eles foram muito parceiros e receberam as crianças muito bem. As meninas estavam lá para fazer o cabelo, mas ganharam, unha, cafezinho, bolinho. Elas se sentiram em casa. Foi a primeira vez de muitas delas em um salão de beleza”.
Os pais tiveram aceitação positiva para o projeto. Todas as crianças tiveram autorização por escrito para sair da escola.
A professora conta que observa melhora na sala de aula entre os alunos, principalmente na maneira de tratar o próximo. “Também haviam meninas que não se aceitavam por causa do cabelo e queriam alisar. Quis mostra no salão, o quanto nós somos bonitos, então elas tiraram um pouco disso da cabeça”.
Bullying
Por muito tempo, o bullying escolar foi aceito socialmente. As pessoas costumavam encará-lo como “coisa de criança”, “zoeira” ou “brincadeira”. De acordo com especialistas, para romper essa cultura de permissividade e mostrar que o bullying não é mera “zoeira”.
Na escola, os cruéis padrões de beleza e comportamento ditados pela sociedade aparecem como normas. A exemplo da escola Municipal Verônica Keil, para evitar esta cultura, é importante que todos os atores envolvidos façam a sua parte, como alunos, professores e direção.
Além da intimidação, da perseguição e da violência psicológica, o bullying pode levar à violência física. Os profissionais da educação devem ficar atentos para evitar os casos de bullying e resolver a situação, conscientizando os agressores e auxiliando as vítimas.
Outras consequências comuns nas crianças e jovens que sofrem bullying são a piora no desempenho escolar e a baixa autoestima. Dentre os danos psicológicos, a APA destaca a ansiedade, a depressão e a solidão. Vítimas de bullying também apresentam maior propensão ao suicídio.
Por Marcelo Zemke – Jornal Vale do Norte