Um vídeo que mostra jovens sendo agredidos por policiais militares repercute em Santa Catarina no início desta semana. Nas imagens — feitas por participantes de uma festa que ocorria irregularmente em Guabiruba, no Médio Vale do Itajaí — é possível ver PMs batendo em um dos homens que estava no local, mesmo sem que ele esboçasse ameaça. O motivo teria sido o fato de um dos envolvidos ter falado a palavra “covardia”, sobre a ação dos agentes. O caso será alvo de um inquérito policial.
A gravação, feita durante o atendimento a uma ocorrência de uma festa que acontecia em uma chácara no interior do município, foi publicada pelo jornal Guabiruba Zeitung, e confirmada pelo Santa. Vizinhos ligaram para o 190 tanto pela aglomeração de pessoas, o que desrespeita os decretos municipal e estadual, quanto pela perturbação do sossego alheio.
O vídeo mostra que em um determinado momento um dos participantes diz “covardia”. Imediatamente um PM questiona: “quem falou que é covardia?”. Um agente, então, se aproxima de um dos jovens e o agride com um soco na barriga.
Os PMs continuam questionando quem teria falado a palavra, quando um segundo policial agride outro participante da festa, dando um golpe com o fuzil. “Quer debochar? Então vamos brincar, então. A gente também sabe brincar”, é a fala que é possível ouvir no fim do vídeo.
De acordo com o comandante do 18º Batalhão de PM de Brusque, Otávio Manoel Ferreira Filho, um inquérito policial será aberto para apurar o comportamento dos policiais nessa ocorrência. Já houve, inclusive, um pedido do Ministério Público Militar (MPM) para investigar a ação. Segundo Ferreira Filho, os três PMs que participaram da abordagem serão ouvidos nesta terça-feira (4), às 10h, e que embora tenha havido desrespeito, “nada justifica a agressão”:
— Não acredito que deveria chegado àquele nível, já que não houve agressão contra os policiais, e sim um desrespeito à autoridade. Para o policial chegar naquele ponto, é preciso haver ameaça ou uma agressão. Mas nada é por acaso. Se a PM esteve no local, é porque havia uma festa, havia perturbação do sossego, aglomeração de pessoas, e até drogas.
O comandante da PM de Brusque completa:
— A PM foi ali por chamada por vizinhos. Já é um local contumaz [conhecido] de perturbação do sossego. Não é a primeira vez que a PM bate ali naquela chácara durante o período da pandemia. Quando os policiais chegaram, alguns correram para o mato e, reforço, a ação não foi por acaso. Não estou dizendo que justificam [as agressões], mas as pessoas deram causa para o aumento da energia — afirma o comandante.