Ele decidiu mudar radicalmente de vida após a irmã ser diagnosticada com câncer de mama

Marcelo Zemke
A estrada como escola, a bicicleta como meio e a fé como combustível. Assim é a vida de Marciano Dornelles, gaúcho de Júlio de Castilhos (RS), que há cinco anos transformou sua rotina para trilhar um caminho de superação e solidariedade. Nesta semana, ele passou por Ibirama, no Alto Vale do Itajaí, durante sua sexta volta pelo Brasil, uma jornada que já acumula milhares de quilômetros e histórias inspiradoras. “Deus tocou no meu coração e senti que precisava fazer uma peregrinação”, relatou.
Sem nunca ter peregrinado antes, buscou informações e decidiu iniciar sua missão. Montou uma bicicleta simples, a famosa Caloi 100, preparou uma mochila com algumas roupas, utensílios e partiu de Canoas em direção ao Santuário Nacional de Aparecida (SP).
Dornelles, que já foi radialista e atuou em emissoras como a Jovem Pan, decidiu mudar radicalmente de vida após a irmã ser diagnosticada com câncer de mama. Sem nunca ter feito uma peregrinação antes, ele partiu de Canoas (RS) até o Santuário Nacional de Aparecida (SP), percorrendo mais de mil quilômetros de bicicleta em 32 dias. “Quando cheguei lá, me emocionei muito e fiz a intercessão pela cura dela”, conta Marciano.
“Dormi em postos de gasolina, ganhei estadia e alimentação de pessoas generosas. Quando cheguei na Basílica, me emocionei muito e coloquei o nome da minha irmã na interseção de cura”, contou, emocionado.
O momento mais marcante da jornada veio logo após sua chegada: “Uma semana depois, minha irmã me ligou dizendo que tinha feito novos exames e o câncer havia sumido. Foi uma cura divina. Ela mesma já contou esse testemunho nas redes sociais para todo o Brasil”, revelou.
Peregrinação
A experiência transformou a vida de Dornelles, que desde então segue pelas estradas do país- agora de moto, levando mensagens de fé, esperança e cultura. “Ser peregrino é mais do que caminhar ou pedalar; é aprender com as culturas locais, respeitar os costumes e viver a simplicidade do dia a dia”, destacou.
Além do testemunho de superação, o peregrino enfatizou a importância da cultura brasileira. “O Brasil é um país laico, mas precisa valorizar mais a cultura de cada região. O que é cacetinho no Rio Grande do Sul, é pão francês em outros lugares; o aipim vira macaxeira no Nordeste. Isso é riqueza cultural”, refletiu.
Hoje, além de peregrino, Marciano é diácono transitório, levando sua missão também à Igreja Católica. “Eu sou uma ferramenta de trabalho. Levo a intercessão aos pés de Maria, que intercede a Jesus. É fé verdadeira, sem explicações racionais”, afirmou.
O peregrino segue com sua jornada pelo Brasil, inspirado pelo amor à família e pela certeza de que sua missão vai muito além das estradas: é um chamado de fé e solidariedade
Para ele, a passagem por Ibirama foi mais uma etapa dessa longa jornada, marcada pelo acolhimento de pessoas comuns que, como ele, acreditam na força da fé e da solidariedade.
Caixinha de enfermos
Atualmente, ele carrega uma “caixinha dos enfermos” em suas viagens, na qual coloca nomes de pessoas que encontra pelo caminho. Ao chegar ao Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo, ele realiza uma oração especial: “Eu filmo, mostro que estou lá, menciono os nomes e entrego na caixa de intercessão”.
Ordenado diácono transitório, o Peregrino Gaúcho se dedica integralmente a essa missão e compartilha registros em seu perfil no Instagram: @peregrinogauchooficial. Ele destacou a importância da tecnologia para divulgar sua jornada e pediu ajuda aos ouvintes, pois seu celular quebrou durante a viagem: “Se algum ouvinte puder me ajudar, eu preciso arrumar o telefone para continuar registrando as transmissões”.
Durante a entrevista, ele também falou sobre a receptividade das cidades por onde passa, relatando encontros com prefeitos, trocas de bandeiras e a alegria de conhecer novas pessoas: “Isso é o que vale, o conhecimento com a vida e com as pessoas”.
Em sua mensagem final, o Peregrino reforçou o valor do amor de Cristo acima de qualquer credo: “Placa de igreja não salva ninguém. Jesus ama a todos, independentemente da religião, cor ou classe social”. Ele ainda agradeceu o carinho da TV RPC, que acompanha sua trajetória anualmente, e deixou um abraço aos comunicadores da Rede Vale Norte, com quem conversou durante sua passagem por Ibirama.