Em caso de chuva, evento desta quarta-feira, 11, será cancelado
Marcelo Zemke
Marcelo Zemke
Na última quarta-feira, dia 11, uma tradição natalina de Ibirama herdada dos imigrantes alemães teve um encerramento especial com a caminhada dos Pelznickels, conhecidos como os “Papais Noéis do Mato”. O evento, que começou às 19h30, partiu da Praça da Bandeira e seguiu por um trajeto pelo Centro da cidade, encantando moradores e visitantes ao reforçar o legado cultural alemão. Este foi o último evento oficial do grupo neste ano. Caso haja qualquer mudança ou adição à programação, as atualizações serão publicadas na página do Facebook Amigos do Pelznickel Ibirama.
Uma figura inusitada no Natal, que em algumas regiões de tradições germânicas em Santa Catarina, se tornaram até atrações turísticas. Ele vive no meio da floresta e não gosta de crianças desobedientes. Esse é o Pelznickel, também conhecido como o “Papai Noel do mato”. Os Pelznickels, figuras místicas da cultura germânica, são companheiros de São Nicolau e desempenham um papel marcante no período natalino. Vestidos com panos pretos, máscaras rústicas e adornados com folhas secas, barba de velho e lã de ovelha, eles simbolizam valores como bom comportamento e dedicação.
Durante o passeio, os personagens interagiram com as crianças, verificando se elas tiveram uma conduta exemplar ao longo do ano, numa tradição que mistura aprendizado e diversão.
Eles voltam a ‘sair do mato’ no ano vem. Os pelznickels aparem no dia 6 de dezembro, Dia de São Nicolau.
História
Antes da comercialização do Natal e da figura de Papai Noel, de acordo com tradição, o Pelznickel aparecia sempre a partir do dia 6 de dezembro, dia de São Nicolau, santo católico que inspirou a criação do Papai Noel. Os pais, cúmplices do personagem, abriam as portas de casa para que o Pelznickel cobrasse as crianças malcriadas. Somente após a punição é que o malvado entregava presentes. Algumas crianças chegam até a entregar as chupetas e mamadeiras ao papai Noel do mato, que carrega os objetos em seu cajado.
Este foi o quinto ano seguido que o grupo busca trazer o personagem utilizado para ajudar os pais a pregar a obediência. Mas no começo, este não foi o maior desafio enfrentando pelos Pelznickels. Ao contrário das crianças, que os recebem com abraços e pousam para fotos junto aos ajudantes do Nicolau – garantido terem se comportado bem durante o ano, no início, o grupo enfrentou a resistência dos adultos, não familiarizados com a tradição.
Este foi um dos desafios que grupo enfrentou, chegando até a ter a participação em eventos cancelada e repercussão negativa por parte de algumas pessoas. “No início, algumas pessoas se manifestaram contrárias nas redes sociais aos Pelznickels na programação de Natal, mas com a ameaça de cancelamento, a repercussão nas redes aumentou, junto com as manifestações de apoio à tradição, que superaram as negativas”, disse, Fenando Krambeck, integrante do Clube Velharia.
Uma Tradição Centenária
A origem dos Pelznickels remonta ao ano 1200 d.C., quando essas figuras acompanhavam São Nicolau em tradições europeias, especialmente entre os povos germânicos. Carregando hastes, varas ou chicotes, eles desafiavam as crianças, recompensando as boas condutas.
Este ano, a tradição ganhou um toque especial com visitas aos bairros de Ibirama, permitindo que mais moradores se aproximassem dos personagens. “Nosso objetivo não é assustar as crianças, mas reforçar a importância do bom comportamento, tanto em casa quanto na escola,” explicou Fernando Krambeck, membro do Clube Velharia, responsável pela organização.
Entre os momentos mais emocionantes da temporada, destaca-se a visita de Margot Betz, uma senhora de 104 anos, que reviveu memórias de sua infância e celebrou a cultura local ao encontrar os Pelznickels. “Foi um momento marcante, que nos lembra da importância de preservar e compartilhar essas tradições,” comentou Krambeck.
A caminhada marcou o ponto alto das celebrações natalinas de Ibirama, reunindo famílias, crianças e admiradores da cultura germânica. A iniciativa fortaleceu o vínculo da comunidade com suas raízes e promoveu valores como respeito, disciplina e união. Com a missão cumprida, os Pelznickels encerraram o ano deixando um legado cultural que atravessa gerações e mantém vivo o espírito natalino da cidade.