A quantidade de mortes por doenças respiratórias em Santa Catarina cresceu oito vezes neste ano. Nos seis primeiros meses de 2020, 741 pessoas morreram por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no estado. Os dados levam em conta o período entre 1 º de janeiro e 22 de junho. No mesmo período do ano passado, foram 91 mortes. De acordo com a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), todos os casos foram testados para Covid-19 e 246 deles tiveram resultado positivo, número incluído no balanço geral de mortes causadas pelo coronavírus divulgadas diariamente.
Vários tipos de vírus podem provocar a SRAG, entre eles os da Influenza e da Covid 19. Nos outros 432 casos registrados neste ano, as autoridades de saúde não descobriram o tipo de vírus que provocou a síndrome. Segundo a Dive, apesar de todos terem sido testados, não houve contraprova nos casos negativos. No ano anterior, o vírus causados não foi identificado em 67 casos.
Para o infectologista da Dive, Fábio Gaudezi, há dois principais fatores que dificultam o diagnóstico. “A introdução de um novo vírus que está inserido nesta conta e, além disso, temos uma sensibilização da rede de assistência, então nós recebemos sim mais notificações, a gente tem dito um aumento das notificações”, disse.
Gaudezi destacou ainda que é preciso considerar os testes chamados falsos-negativos diante dos dados. “O desempenho dos testes laboratoriais para o novo coronavírus muitas vezes não atingem os indicadores que nós gostaríamos, então existe uma possibilidade de falso negativo que nesse caso acaba fazendo com que a gente não consiga atingir o diagnóstico adequado”, justificou.
Coronavírus e sintomas
Para o especialista em Saúde Pública, Fabrício Menegon, o aumento tem relação com a Covid-19. Segundo ele, é provável que futuramente a causa dessas mortes sejam reclassificadas.
“Caso eles sejam realmente atribuídos à Covid-19, eles passariam a ser contados como óbitos por causa da Covid-19. A questão da contraprova, embora pode não ser um parâmetro estabelecido pela secretaria de Saúde, ela sempre é um parâmetro importante porque garante qualidade da observação e a qualidade da medida, então seria bastante interessante que o estado pudesse também adotar esses critérios a fim de garantir a qualidade da educação”, sugeriu.
Teste de Covid-19 foram aplicados em todos os pacientes que morreram pela síndrome, segundo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica — Foto: NSC TV/Reprodução
O infectologista Marcelo Otsuka ressalta que os números ajudam a compreender melhor a prevalência de coronavírus no estado.
“É ver quanto a mais que a gente tem em média dessa síndrome respiratória agude grave. É uma forma de a gente dizer isso, via óbitos, como a gente tá. Em todos os estados, a gente tem um número de SRAG muito maior do que a média anual, então a gente sabe que com certeza temos subnotificação”, afirmou.
Sintomas da Síndrome Respiratória Aguda Grave são iguais aos da gripe — Foto: NSC TV/Reprodução
Os sintomas da síndrome são iguais aos da gripe, conforme explicou o infectologista Ricardo Malinverni.
“O paciente pode ter febre, tosse, nariz entupido, dor de garganta, mas além disso vai ter algum sinal de desconforto, ou seja, falta de ar, saturação de oxigênio baixa … é uma síndrome gripal com alguns sintomas de gravidade”, conta.
Fonte: G1 SC