A contaminação em massa de indígenas da Terra Laklãnõ foi denunciada pelo Jornal Diário do Alto Vale há alguns dias e desde então com casos aumentando significativamente a cada dia, as aldeias atingiram a marca de 214 índios Xokleng positivados para doença, motivo de preocupação entre moradores e também de autoridades. Mas apesar de todas as recomendações sanitárias, cultos religiosos continuam acontecendo nas aldeias com pessoas aglomeradas, sem máscara e até mesmo benção de pastor com toques no rosto dos fieis.
O flagrante foi postado nas redes sociais da própria igreja Assembleia de Deus e chamou a atenção dos demais indígenas. Ana Patte foi uma das defensoras de intervenção federal dentro da Terra Indígena para conter o avanço da Covid e lamentou a situação. “Não sei que parte que não entendem que não é pra ter aglomeração. Respeito todas as religiões, a evangélica principalmente porque cresci ouvindo isso, mas poxa em tempos de pandemia, é nossa obrigação ouvir a ciência e ficar em casa, ainda mais quando o número de infectados aumenta a cada dia na Terra Indígena Laklãnõ”, disse.
Ela reforçou ainda a importância dos indígenas cumprirem todas as recomendações sanitárias e alertou novamente para o aumento dos casos e atenção ao distanciamento social. “Devemos respeitar quando os cientistas nos dizem pra ficarmos em casa”, afirmou.
Reforço de profissionais
Após diversas reivindicações, através da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), o Governo Federal enviou profissionais para atendimento dos casos confirmados e suspeitos de covid nas aldeias da região. Atualmente há um médico, dois enfermeiros e três técnicos de enfermagem trabalham na Terra Indígena. Também foram enviados colchões e cestas básicas ao longo dos últimos dias.
Em entrevista recente ao DAV o coordenador da Sesai na região Sul, Alexandre Alexandre Rossettini, havia questionado denúncias dos indígenas em relação a falta de equipamentos de proteção individual e falta de atendimento médico e alertado que alguns não estariam seguindo as recomendações de isolamento adequadas. “Medicamentos, EPIs e cestas básicas já foram entregues pela Funai com auxílio da Sesai e já enviamos insumos para montagem do centro de triagem que será instalado está semana”, ressalta.
Reportagem: Helena Marquardt/DAV