Por Marcelo Zemke – Rede Vale Norte
Uma cidade limpa e organizada. Esta é primeira impressão deixada por quem visita Ibirama. Com fortes traços da cultura germânica, presentes em prédios históricos, canteiros floridos e praças, o município possui atributos, explorados por muitas outras cidades turísticas de forma artificial e que aqui, são rotineiros para a população local, mas encantam visitantes de outras regiões. Ibirama completou 88 anos de emancipação político-administrativa no dia 11, e antes disso, esteve por 37 anos sob os domínios de Blumenau.
Com quase 18 mil habitantes, a história de Ibirama se confunde com o desenvolvimento da região do Vale Europeu. Os colonizadores chegaram ao município em novembro de 1897. O território de índios, foi ocupado na época pela Sociedade Colonizadora Hanseática, uma das entidades criadas na Alemanha para supervisionar as emigrações para o Brasil, e na época recebeu o nome de Hamônia. Em 1934 aconteceu a emancipação da colônia de Blumenau, ganhando o nome de Dalbérgia e em seguida Ibirama, que significa, seguindo a linguagem indígena, “terra da fartura”.
O historiador Cleandro Boeira conta que com a fundação da colônia, em 1897, os imigrantes que vieram para cá, vieram com a noção de ‘germanidade’, isto é, transformar a região em algo como uma parte da Alemanha. Já o processo de emancipação, conforme ele, começa na era Vargas, na década de 1930 e não teve um movimento popular para acontecer, como as pessoas pensam. “Ela partiu de uma disputa de poder em SC, entre os Ramos e os Konder”, conta.
Emancipação para minar o poder dos Konder
Afastados do poder pela Revolução de 1930, os Konder fizeram oposição ao governo de Getúlio Vargas, cultivando duradoura rivalidade com os Ramos, a outra oligarquia estadual, encabeçada por Nereu Ramos, governador e interventor em Santa Catarina de 1935 a 1945. “A emancipação de Ibirama surge neste contexto. Para minar o poder dos Konder, no colégio eleitoral da região de Blumenau, e em toda a região de migração alemã, o então interventor federal Aristiliano Ramos (33/35) vai promover processos de emancipação de Gaspar, Indaial, Timbó e da colônia Hamônia, que inicialmente, se chamava Dalbérgia”, disse o historiador.
Cleandro conta ainda que o novo município só passa se chamar Ibirama em 1943, por conta da campanha de nacionalização. “Se escolhe uma palavra de origem indígena, para atender a norma nacionalista”, disse.
Processo de emancipação
O historiador destaca que o processo de emancipação da colônia de Blumenau não teve o apoio da população local. As pessoas que viviam aqui, especialmente a colonizadora Hanseática, queriam que o município continuasse distrito de Blumenau. “Não havia um apoio da população para a emancipação, mas mesmo assim, isso acabou acontecendo e o município seguiu sua trajetória de 1934 até hoje”.
No dia 11 de março de 1934 aconteceu a instalação do Município de Dalbérgia na localidade de Hamônia, tornando-se o 38.º município de Santa Catarina. Houve o lançamento da pedra fundamental para construção da prefeitura. “Hoje, felizmente, somos um município próspero e multicultural”, disse Cleandro.
O município permaneceu com o nome de Dalbérgia até 7 de maio de 1935, quando o governador Nereu Ramos determinou a volta do nome Hamônia para o município, criando também por este decreto o Distrito de Dalbérgia.
Em 1943, pelo Decreto-Lei Estadual n.º 941, o município de Hamonia, passou a se denominar Ibirama. O atual centro de Ibirama se desenvolveu ao redor da Sociedade Colonizadora Hanseática, que ficava onde hoje está o Paço Municipal, por questões de proximidade administrativa.