Governador Carlos Moisés fala sobre pandemia em SC, compra de respiradores e relação com governo Bolsonaro

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O governador Carlos Moisés (PSL) afirmou que o momento atual do coronavírus em Santa Catarina é considerado o mais preocupante desde o início da pandemia. “Junho e julho seria os meses em que nós teríamos de fato maior transmissibilidade, até pela presença massiva do vírus no território. (…) Quando essa taxa de transmissibilidade está acima de 1, a curva começa a ser exponencial”, disse hoje (24), na Casa D’Agronômica, em Florianópolis. O estado tem 21,9 mil casos e 289 mortes causadas pelo coronavírus, conforme o balanço divulgado pelo governo estadual na noite de quinta.

Para ele, as decisões diante da pandemia foram tomadas no momento certo, alertando a população, e a retomada posterior das atividades não impactou na situação da pandemia no estado.

“A partir da terceira semana, já começamos a trabalhar a retomada de atividades. Isso não interferiu na curva. Os senhores podem ver que a nossa taxa de transmissibilidade ela se manteve durante praticamente toda a pandemia. Agora ela muda o cenário porquê? Porque nós estamos entrando no nosso pico, naquilo que já era projetado”, afirmou.

O governador classificou ainda a aceleração do contágio como “natural da vida em sociedade” e justificou as medidas de flexibilização adotadas gradativamente. “Não tem como viver essa pandemia seis meses dentro de casa, não teria como. As pessoas também não conseguiam mais ficar dentro de casa, precisavam produzir”, disse.

Autonomia aos prefeitos

Questionado sobre a aproximação do pico da transmissão e a regionalização das ações de enfrentamento, que transferiu aos municípios as decisões sobre as medidas de isolamento, Moisés disse não ver relação entre as duas situações.

“O formato que nós temos hoje não foi abrir mão de responsabilidades, foi dar instrumentos legais, adequados, pra que realmente autoridade sanitária do município fosse exercida”, disse.

Moisés disse que os números atuais do estado são “os mais favoráveis” comparados à região Sul do país e destacou a busca pelo achatamento da curva de transmissão do vírus e o fornecimento de equipamentos aos hospitais.

“Temos aí um lastro ainda para receber de equipamentos, que a gente pode direcionar para determinada cidade que esteja esgotando a disponibilidade de leitos de UTI, fazendo então uma manobra que seja de acordo com demanda”, disse.

Aglomerações pelo estado

Sobre o descumprimento das orientações de isolamento social, que resultou em aglomerações em praias, parques e outros locais públicos, Moisés destacou que foram estabelecidas regras e procedimentos de segurança para cada atividade.

“Aqueles que infringirem a regra por qualquer razão devem ser notificados, penalizados. Hoje nós temos aí um exército de fiscais. A gente colocou a Polícia Militar à disposição, os bombeiros, enfim, diversas autoridades públicas que são parceiras inclusive dos municípios, com as guardas municipais”, disse.

Fatos externos

Para Moisés, a investigação acerca da compra dos 200 respiradores comprados pelo governo catarinense com dispensa de licitação no valor de R$ 33 milhões e a repercussão sobre sua presença em uma suposta festa no hotel em Gaspar, no Vale do Itajaí, não tem comprometido o trabalho do governo estadual no combate à pandemia.

Governador Carlos Moisés fala sobre relação com governo Bolsonaro e deputados da Alesc

O governador afirmou que tem recebido boas avaliações no que diz respeito à gestão da crise no estado. “Eu penso que não tira o brilho, nós temos muito mais notícias boas para falar do governo, do que eventualmente algum erro pontual em determinado processo. (…) E eu respeitei as normas, colocadas inclusive para aquele ambiente. Estava com máscara sim, retirei para beber algo e aí é… obviamente que a cena não foi das melhores, por isso me retratei”, disse.

A investigação foi conduzida por uma força-tarefa que resultou na prisão do ex-secretário da Casa Civil Douglas Borba no dia 6 de junho. Quando questionado se o grau de confiança que tinha em Borba foi mantido após a prisão do ex-secretário, o governador se limitou a dizer que não pode avaliar enquanto os processos não forem concluídos nem fazer juízo de valor.

Respiradores

Em relação à compra dos equipamentos, Moisés afirmou que o governo não foi omisso e disse que, se houve erro, as pessoas devem ser apontadas e responsabilizadas.

“O governo quando soube tomou medidas adequadas para ressarcimento ao erário público. Esse é o papel do governador (…) Cabe ao governo agora recuperar esses valores. Eu tenho a esperança de que nós vamos recuperar a totalidade desse valor, se não a totalidade, pelo menos a menor parte. Aí segue os ritos processuais pra responsabilização civil de ressarcimento ao erário público dessa situação.”

Questionado sobre uma suposta participação direta do governador no processo de compra, identificado em depoimento realizado na Comissão de ele afirmou que se limitou a tomar decisões a partir da identificação de casos comunitários de coronavírus no estado.

“Determinei, olhe nós precisamos fazer isto. Qual é a via que nós vamos? Vamos por essa via. Vamos comprar respiradores. Utilizamos até empresas privadas que também não conseguiram trazer os respiradores”, disse.

Moisés disse ainda que não tem acompanhado o andamento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada pela Alesc para investigar a aquisição dos equipamentos.

Relação com governo Bolsonaro

Carlos Moisés afirmou que nunca esteve longe de Jair Bolsonaro e que sempre o respeitou. Sobre a críticas do presidente direcionadas ao governador em relação às medidas de isolamento social, ele afirmou que está aberto a uma reaproximação e disse ser sempre bem recebido quando vai a Brasília.

“Talvez as informações que cheguem ao presidente tenham chegado distorcidas, porque falava do fechamento do estado e o nosso estado já estava abrindo, enfim. Eu penso que uma boa conversa com o presidente pode mostrar a ele, inclusive trazê-lo aqui, de que o estado fez a lição de casa, fez uma lição boa. Eu acredito que isso em breve pode acontecer”, contou.

Aproximação com a Alesc

Moisés disse que o governo estadual tem se realinhado e conversado com a Alesc. Na avaliação dele, o primeiro ano de gestão “foi muito bem” em relação á aproximação com a Casa.

“Mas depois veio a pandemia. A pandemia nos afastou a todos. Inclusive nós e os deputados, não conseguimos mais nos reunir. virou realmente uma condição de muito esforço, muita pressão, muita tensão. E é natural que haja o afastamento”, disse.

Questionado sobre a possibilidade de ter algum deputado a frente das secretarias estaduais, o governador disse que a possibilidade nunca pode ser rechaçada, desde que tenha condições de ser um bom gestor na área em que ele vai atuar, mas afirmou que não há planos nem deputados cotados.

Fonte: G1 SC