A estrutura é movida pela água do ribeirão Moçada, um dos afluentes do Rio Sellin
Marcelo Zemke
O período de férias também é ideal para conhecer e valorizar as riquezas culturais locais, que para algumas pessoas chega a passar despercebida, mas para visitantes de outras regiões, são verdadeiras maravilhas, a ponto de causar espanto e admiração, como é caso das antigas atafonas e marcenarias, movidas com rodas dá água, sem o uso de energia elétrica. Ibirama está repleta de história e de algumas destas estruturas.
Antes da era dos motores elétricos, este tipo de máquina que transforma a energia hidráulica em energia mecânica, era bastante comum em Ibirama, chegando a existir várias estruturas semelhantes até no Centro da cidade, em especial no Rio Taquaras. Hoje, elas ficaram apenas nas lembranças dos mais velhos.
Uma das poucas rodas d’agua ainda em funcionamento em Santa Catarina, pode ser visitada na propriedade de Manfredo Hajek.
Idealizada por Carlos Hajek em 1945
A atafona leva o nome do pai, Carlos Hajek, homem simples e habilidoso, que projetou e construiu o local em 1945, levando em conta os conhecimentos técnicos existentes na época.
Até hoje, ela opera seguindo os mesmos moldes das estruturas do século passado, e aproveita a energia hidráulica para mover todo um aparato de correias e engrenagens.
Apesar de todo o empenho, Hajek lembra que o pai foi desacreditado por algumas pessoas, que duvidaram que a atafona pudesse operar de maneira correta. “Na época em que meu pai construiu, algumas pessoas alertaram que ela poderia não funcionar por causa da pouca água do ribeirão Moçada. Também alertaram que o riacho poderia secar com o tempo. Hoje em dia, parece que há mais água do que antigamente”, conta o proprietário.
O ribeirão que move a roda da atafona é um dos afluentes do Rio Sellin. Um aqueduto leva água suficiente para mover a gigantesca roda de madeira. “Em períodos de estiagem, meu pai, operava como auxílio de uma represa. Ele fechava uma comporta e esperava o reservatório se encher de água e depois trabalhava por várias horas”, lembra.
O local proporciona ao visitante uma verdadeira viagem no tempo. “Algumas pessoas se surpreendem pelo modo de funcionamento, e outras da terceira idade, relembram a infância”, conta. Hajek recebe visitantes em sua propriedade, integrando o roteiro turístico.
Uma pequena marcenaria também funcionava junto à atafona. Com a industrialização e mecanização do processo, muitas estruturas semelhantes acabaram caindo em desuso.
História
A atafona entrou em funcionamento em 1946, e realiza até hoje a moagem do milho e descasca o arroz. Muitas famílias da região traziam o milho para ser moído e transformado em fubá. Nesta época eram moídos até 300 quilos de milho por dia. Com ele era feito o pão, muito consumido na época.
Quem quer conhecer a propriedade deve fazer reserva pelo telefone. O proprietário cobra uma pequena taxa de visitação de R$ 5, que é aplicada nas despesas e manutenção do espaço. O atendimento é feito somente sob reserva, por meio dos telefones (47) 9981-4320 ou (47) 8895-4747.