Uma personagem que faz parte da história da região, terá a vida encenada em Ibirama. Através do departamento de Cultura e Escola de Artes Cênicas, será realizado no dia 7 de novembro, a apresentação da peça “Fanny, a rainha da cidade”. O ensaio da peça foi acompanhado pela reportagem do Jornal Vale do Norte na noite de segunda-feira, dia 3, onde a equipe pôde testar a sua primeira encenação diante de um expectador. A apresentação será no dia 7, 21 e 28 de novembro em Ibirama.

O espetáculo envolve 12 atores e atrizes da Escola Municipal de Artes Cênicas de Ibirama, com direção da instrutora de Teatro, Silvana Cristovão e traz as memórias relacionadas à Francisca dos Anjos de Lima e Silva Hoerhann, a Fanny, que no século passado esteve à frente de uma famosa casa de tolerância em Brusque. A despeito da marginalização da atividade, ela quebrou paradigmas, conquistando notório respeito e inegável admiração social.
Fanny era descendente de xoklengs e foi a esposa do pacificador Eduardo de Lima e Silva Hoerhann, morando com ele em José Boiteux.

O interesse de Silvana pela peça veio ao ficar sabendo de uma apresentação em Brusque. Sofrendo com a influência que o ex-marido tinha na região, Fanny abriu uma casa de tolerância. “Ela foi esposa de Eduardo e abandonou ele indo para Indaial, onde não conseguiu pousada e depois foi para Brusque, onde foi acolhida por um casal idosos. Lá ela abriu esta casa de tolerância”, disse.
No local, onde haviam outras cinco mulheres, os frequentadores discutiam a política do local e assuntos da sociedade de Brusque. Muito temiam o famoso caderninho de Fanny, onde estavam anotados nomes de devedores que ela ameaçava frequentemente divulgar em uma rádio da cidade. No dia seguinte, os devedores pagavam a dívida ou mantinham o rádio desligado. A peça possui alguns traços de comédia, mas há ainda cenas tratadas com mais seriedade.
Religiosa, Fanny, era muito bem vista na comunidade, onde frequentava a igreja e tinha boa relação com os moradores. Ríspida, ela transformou seu estabelecimento em um local respeitado, de etiqueta e boas maneiras. Ela era solicitada a ensinar os jovens a ter boa postura diante de uma mulher e a dançar.
A apresentação
A peça é baseada em um levantamento histórico que inclui livros, entrevistas e artigos.
Diferentemente da versão apresentada em Brusque, Silvana inseriu uma parte de ficção no passado indígena de Fanny, com seu encontro com Eduardo em uma floresta, logo no início da apresentação. Essa parte foi criação da autora. “As pessoas pediam uma peça sobre Ibirama, mas não temos nada escrito. Como já havia esta, pedi autorização aos autores. Espetáculo tem uma parte de Ibirama”, disse.

Culta e elegante, Fanny tinha bom relacionamento com os moradores do bairro Santa Terezinha.
Considerada uma mulher à frente do seu tempo. Vale a pena esperar a estreia do espetáculo em Ibirama. A peça é para todas as idades, e foi escrita por Everton Girardi e Talita Garcia.
Sinopse
A casa de tolerância da Fanny vai de vento em popa na Santa Terezinha. Tudo o que ela não espera é retornar da lavadeira com uma notícia de tirar o sossego: algum desavisado esqueceu o pijama em meio aos lençóis de suas moças. O pior é que a peça tem as iniciais do dono caprichosamente grafadas. Mas não há tempo para delongas: hoje é dia de receber amigos e clientes para mais uma noite que vai ficar na história da cidade.

Ficha técnica
A apresentação tem como elenco: Aline Oliani, Alice Klock, Anna Gabriela Grabowski, Giovana Fridrich de Almeida, Brenda Trentini Serna, Cleusa Arnicheske, José Carlos Ponciano dos Santos, Lucas Alberti da Costa, Josiane Teresinha Haas, Juliana dos Santos, Lucas Alberti da Costa, Marina Francisca Cabral, Venelanda Dumke.
Por Marcelo Zemke / Jornal Vale do Norte