Além do governador Carlos Moisés da Silva, o ex-secretário da Casa Civil, o empresário rio-sulense Amandio João da Silva Junior também é alvo da operação Pleumon deflagrada nesta manhã (30) pela Polícia Federal com autorização do ministro do Superior Tribunal de Justiça Benedito Gonçalves. Ele estaria sendo investigado por suposta ligação com os empresários que venderam os 200 respiradores ao Governo de Santa Catarina por R$ 33 milhões e teria solicitado “pedágio” de 3% no valor do contrato.
Nesta quarta-feira a PF cumpriu ao todo cinco mandados de busca e apreensão, um deles na Casa da Agronômica, residência oficial do governador. Além de Moisés e Amandio, o ex-assessor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Sandro Yuri Pinheiro, também foi alvo da operação.
O despacho assinado pelo ministro trata de uma suposta participação de Amandio no contrato. Segundo conversas entre os sócios de outra empresa envolvida, Márcio Mendonça e Samuel Rodovalho, ele teria atuado como uma espécie de “lobista” da Veigamed quando ainda nem fazia parte do governo e “articulava para influenciar no processo de compra de insumos para o combate a pandemia” com indícios de que receberia uma comissão de 3% sobre o valor total do contrato caso conseguisse evitar o cancelamento da compra pelo Governo.
Ainda segundo o despacho a suspeita, baseada numa mensagem de áudio de um dos investigados, é de que o governador tinha conhecimento e participação no pagamento antecipado dos respiradores sem que a empresa apresentasse nenhuma garantia da entrega, por isso a suspeita de uma organização criminosa onde agentes públicos teriam atuado para favorecer um grupo de particulares com a compra. Moisés não se manifestou sobre a operação.
Defesa de Amandio diz que fatos já foram esclarecidos em CPI
Procurado pela reportagem, o advogado de Amandio, Marcos Sávio Zanella, afirmou que ainda não teve acesso ao processo do STJ, mas que seu cliente foi envolvido em uma conversa de um projeto que nada tinha a ver com os respiradores. “Mas perante as informações que já foram veiculadas nos parece que são os mesmos fatos que já foram esclarecidos perante a CPI”, afirmou.
Já Carlos Moisés, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (30), falou em “busca e apreensão desnecessária e injustificada” e disse que há dois meses, o governo teria oferecido muito mais do que foi levado na operação que apreendeu um computador e um celular de uso pessoal do governador. “Na nossa avaliação não há nenhum fato novo que motive essa busca e apreensão. Continuamos acreditando na Justiça e à disposição dela para prestar qualquer outro esclarecimento necessário”, disse Moisés.
A reportagem do DAV não conseguiu contato com a defesa de Sandro Yuri Pinheiro.
Reportagem: Helena Marquardt/DAV