Modelo reforça a importância da relação afetiva para o desenvolvimento das habilidades dos filhos.
Por Marcelo Zemke Rede Vale Norte
Se antes a criação dos filhos era feita de forma intuitiva, hoje já é possível contar com a ajuda do educador parental nessa desafiadora tarefa de educar as crianças. O papel desse profissional é fundamental para orientar os pais a construir um vínculo saudável e duradouro com os filhos e manter a família conectada. Não à toa, o educador parental vem ganhando cada vez mais espaço na sociedade. O educador parental é um profissional que dá suporte às famílias na observação dos conflitos e no apontamento de caminhos que caibam na dinâmica daquela família.
Uma destas educadoras Gesiele Paul, que viu a rotina mudar com a chegada de um casal de gêmeos. Por entender que uma reprodução do modelo que teve na sua própria infância não é necessariamente a melhor, ela começou a estudar para educar as crianças de uma forma diferente e em 2018, fez uma certificação americana em disciplina positiva e hoje cursa pós-graduação em educação parental e inteligência emocional. “Todos queremos que nossos filhos sejam felizes, saibam fazer boas escolhas, se sintam capazes para enfrentar e superar desafios ao longo da vida. Nenhum de nós acorda disposto a brigar, castigar, a usar de recursos que prejudicam o desenvolvimento emocional saudável da criança e geram desconexão. Pelo contrário, nossa busca é por acertos, fazer boas escolhas e construir uma relação de amor, respeito e confiança”, justifica.

A educadora é moradora de Rio do Sul, e já realizou workshops para outras mães. Ela lembra que não importa a origem, classe social ou cultura, criar filhos é uma experiência cheia de surpresas, repleta de inseguranças e tropeços.
No entanto, algumas estratégias podem deixar essa jornada mais fácil, leve e ainda mais prazerosa. Mas nada acontece até que haja a compreensão de que é preciso ir em busca de conhecimento para entender como se desenvolve uma criança e do que ela precisa desde os primeiros anos de vida. “Eu sei, antigamente não era assim e nossos pais fizeram o melhor que puderam, com os recursos que tinham. Acontece que hoje, com o avanço dos estudos científicos, várias descobertas nos levam a entender que o método de educação tradicional, baseado em castigos e punições, não contribui para que a criança entenda que o seu comportamento é inadequado. Essa visão de que ela precisa pagar pelo que fez, não a ajuda a entender o que sente para poder encontrar formas de se comportar melhor”, conta.
Melhorar o bem-estar da criança e da família
A educação parental, também conhecida como educação dos pais, proporciona o conhecimento, recursos e apoio para desenvolver os laços parentais para melhorar o bem-estar da criança e da família. “Tem uma frase que eu gosto muito: ‘De onde tiramos a absurda ideia de que, para levar uma criança a agir melhor, precisamos antes fazê-la se sentir pior?’ Não faz sentido. Ceder sempre e fazer todas as vontades dela também não é a resposta, dar recompensas para que se comporte melhor, porque corremos o risco de educar nossa criança para ser exigente demais e acreditar que todos devem lhe servir, fazer as suas vontades. Uma criança que vive sem regras e limites cresce desorientada e o nosso papel enquanto pais é justamente promover orientação e interpretar o mundo para ela, que ainda não tem condições de fazer isso sozinha”.
Ela ensina que criar filhos colaborativos sem gritos, castigos e punições, orientando os pais a educá-los de forma consciente, desenvolvendo habilidades de vida e visando formá-los adultos emocionalmente saudáveis. O que só é possível através de uma educação cheia de respeito e amor. “É aí que um novo olhar sobre educar começa a fazer sentido. Disciplinar de forma positiva não tem a ver com fazer a criança pagar pelo que fez ou achar normal que ela faça o que quiser, sem consequências. Disciplinar significa ensinar e só podemos fazer isso se entendermos que antes de querer que a criança seja, nós precisamos ser primeiro”, destaca.

“Ser um exemplo do que queremos que ela se torne, orientando e ensinando através do nosso comportamento, nossos valores, aquilo que faz sentido para a nossa família. Para ser eficaz, enquanto pais precisamos ser um modelo do que desejamos ensinar. Não faz sentido esperarmos que uma criança se acalme enquanto nós gritamos, que nos respeite, enquanto não a respeitamos. Castigo não é respeitoso. Não podemos esperar que uma criança controle seu comportamento quando nós não controlamos o nosso” acrescentou.
Ela conta ainda que isso não significa que precisamos ser perfeitos, pelo contrário, o que precisamos é aprender a ver erros como oportunidades para aprender. “Tanto os nossos, como os dos nossos filhos e juntos, na medida do possível e considerando a idade da criança, focar no que realmente vai fazer diferença, encontrar uma solução para os problemas”.
Quando estamos dispostos a compreender o mundo dos nossos filhos, podemos encontrar novas escolhas e responder melhor ao comportamento deles. “Com isso, fortalecemos o vínculo e contribuímos para que cresçam saudáveis emocionalmente, se sintam capazes, confiantes e felizes”, finaliza.