A idosa de 66 anos que morreu por coronavírus na tarde quinta-feira (2) em um hospital de Biguaçu, na Grande Florianópolis, vivia há cinco anos em uma casa de repouso em Antônio Carlos, na mesma região. A mulher foi a quinta vítima fatal da Covid-19 em Santa Catarina e a segunda entre os moradores do mesmo abrigo. Apesar das ocorrências, as pessoas acima de 60 anos que vivem em Instituições de Longa Permanência a Idosos (ILPI) devem continuar nos locais, dizem especialistas.
“A recomendação até da Sociedade de Geriatria nesse momento não é de retirar os idosos do lar. É que os lares se preparem, treinem seus funcionários, para manejo dessa crise e que os idosos estejam protegidos lá dentro”, diz Raquel Chagas, médica geriatra e paliativista.
A primeira morte por Covid-19 de idoso que vivia no único ILPI de Antônio Carlos ocorreu no dia 25 de março. Desde então, além da mulher que morreu em Biguaçu, outros seis idosos e um funcionário foram diagnosticados.
Desde 14 de março as visitas na casa de repouso estão suspensas, segundo a Vigilância Epidemiológica municipal. A decisão foi tomada pelo médico do asilo por causa do avanço da pandemia. Naquela data, Santa Catarina tinha cinco casos confirmados da doença. Até a manhã desta sexta-feira (3) são 281 pacientes diagnosticados, além de cinco mortes.
Mortes do lar
O idoso que morreu em março não apresentou sintomas do novo coronavírus, segundo a família e os funcionários da casa, e foi hospitalizado com quadro de desconforto respiratórios em 23 de março. Ele havia sido levado pelos filhos para o abrigo em 18 de março.
A confirmação do diagnóstico de Covid-19 saiu no mesmo dia da morte, mas horas depois, e a família diz ter enterrado o idoso sem saber que ele seria um caso suspeito de coronavírus.
Após a morte, as pessoas que vivem e trabalham da casa de repouso foram submetidas ao teste de coronavírus, totalizando 49 amostras. Desse total, 31 resultados foram disponibilizados na quinta (2). Funcionários, idosos e familiares estão na expectativa para saber o resultado dos demais exames. A Secretaria de Estado da Saúde ainda não divulgou a informação.
A idosa que morreu tinha a saúde debilitada e estava acamada. Ela estava em isolamento desde o início de março, quando apresentou pneumonia, doença que ela já havia tido outras vezes, segundo Luis Fernando de Souza Cunha, proprietário do lar de idosos.
Há 24 idosos no local, alguns em quartos duplos e outros em apartamentos individuais. Os seis com diagnóstico confirmado da doença estão em quartos isolados.
Recomendação para famílias e asilos
Mesmo com a preocupação com os profissionais que atendem idosos e trabalham com Instituições de Longa Permanência a Idosos (ILPI) em Santa Catarina, a recomendação é que os idosos continuem nesses locais e não sejam levados para casa pela família, o que aumentaria o risco de contaminação por coronavírus.
“As famílias com idosos em ILPIs já se estruturaram de maneira diferente. Será muito penoso para cada família acomodar esse idoso, que em algum momento não conseguiu cuidar, de volta nas casas em que vivem e que agora estão em quarentena”, afirma Angela Maria Alvarez, professora de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que trabalha com idosos no Núcleo de Estudos da Terceira Idade da instituição e presidente da Associação Brasileira de Enfermagem em Santa Catarina.
Nas casas de repouso os idosos também têm menos riscos de serem contaminados por coronavírus que na casa de famílias, onde há muitas vezes contato com crianças e pessoas que talvez não estejam em isolamento total. Entretanto, os especialistas alertam que os lares precisam intensificar as ações de atenção aos idosos.
“Medidas de segurança como: não receber visitas; esterilizar todos os mantimentos, equipamentos, alimentos que chegam no lar, entregador não entrar; a paramentação de cada profissional e a higienização. Isso faz parte do que tem de ser intensificado o estado todo”, explica Raquel Chagas, médica geriatra e paliativista.
Fonte: G1 SC