Casos de feminicídos chocam região

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Jor. Marcelo Zemke

Três mulheres foram assassinadas pelos seus companheiros nos últimos 30 dias

Marcelo Zemke

Em menos de um mês, três mulheres do Vale Norte foram mortas pelos companheiros, em crimes brutais. Nice Bertoldi, Darci Novah Vahl e Eduarda Gorgik. Essas são as vítimas de uma sequência cruel de feminicídios – expressão utilizada para denominar assassinatos de mulher em razão do gênero, em vigor desde 2015.  Elas tinham idades entre 25 e 56 anos, e foram assassinadas pelos próprios companheiros dentro das casas onde moravam.

As duas primeiras eram residentes em Dona Emma e a terceira, natural de José Boiteux. Os crimes abalaram a comunidade local, e levantam discussões sobre a construção de novas formas de relacionamento, baseadas no diálogo e respeito.

Uma mulher ser assassinada apenas por ser mulher: essa é a forma mais objetiva de descrever o que é feminicídio. No Brasil, em 2015 o Código Penal foi alterado para que o feminicídio fosse estabelecido como um crime hediondo.  Segundo Lei Federal 13.104/15, feminicídio “é o assassinato de uma mulher cometido por razões da condição de sexo feminino, quando o crime envolve violência doméstica e familiar e/ou menosprezo ou discriminação à condição de

Quem eram as vítimas

Uma das vítimas, Eunice Bertoldi, de 43 anos teve o corpo encontrado pela Polícia Militar no fim da tarde desta sexta-feira (12), após o cunhado ligar para o 190 e contar que o irmão tinha cometido o crime.

Já Eduarda de Souza Gorgik, de 24 anos, foi assassinada no domingo, dia 14, pelo companheiro de 59 anos. Sergio Correa,, tinha passagens anteriores pela polícia por ameaça e lesão corporal, de acordo com o registro de ocorrência. O crime ocorreu no apartamento do casal, na rua 115, no Centro de Itapema. Após atirar na jovem, ele cometeu suicídio. Acredita-se que o crime tenha sido cometido por conta de ciúmes da companheira.  A jovem foi sepultada na terça-feira, dia 16, na localidade de Rio Grieseback, em José Boiteux.

 Um dos familiares destacou a dor que a família está enfrentando, refletindo a perplexidade diante da crueldade da situação e o luto profundo pela perda. “Obrigado a todos em nome de todos da família Gorgik. Está doendo muito sua perda. Todos estamos em choque com tudo que aconteceu. Como está acontecendo tanto isso. E quando escutamos, uma notícia assim, acontecer com outra família, sofremos imaginando qual tamanha a dor. Hoje eu sei. O tamanho dessa dor. Porque sempre pensamos que nunca possa acontecer com alguém da nossa família. É muito triste. É uma dor que não tem fim”, desabafou uma familiar.

Outra vítima, Darci Novah Vahl, de 56 anos foi assassinada no dia 16 de dezembro também em Dona Emma, com requintes de crueldade.

Foto DADOS

São 53 casos em Santa Catarina

Conforme informações coletadas pela redação, junto ao Poder Judiciário de SC, a violência doméstica contra a mulher não para de produzir números impressionantes: 53 feminicidios em 2023 e destes, 15 assassinatos foram cometidos na região no Vale.  No período de 2020 a 2023, foram quatro estupros em Ibirama e dois em José Boiteux, também neste período, o município lidera com 15 agressões contra mulheres.

Centenas de ocorrências de ameaça, lesão corporal, injúria, calúnia, difamação e dano são registradas todos os dias nas delegacias. Conforme dados da Secretaria de Segurança Pública, nove mulheres são estupradas diariamente no Estado, um número acima da média nacional.

Na Justiça catarinense, há 41.743 processos em andamento envolvendo violência doméstica contra a mulher – em número, essas ações só perdem para as relacionadas ao tráfico de drogas.

Cerca de 50 feminicídios são registrados por ano em Santa Catarina, quase um por semana. Chama atenção, nos 47 processos de feminicídio, o fato de que apenas quatro das vítimas estavam resguardadas por medidas protetivas de urgência, previstas na Lei Maria da Penha.

“Ela gosta de apanhar” 

Conforme o TJSC, há mulheres que não vão à delegacia, não acionam a polícia nem usam o Ligue 180. A cada dez mulheres agredidas, duas não tomam nenhuma atitude com relação ao agressor. Pensando nessas vítimas silenciosas, em 2012 o Supremo Tribunal Federal determinou que qualquer pessoa pode prestar queixa contra o agressor.  Antes, na delegacia, era só a vítima. 

Medo de vingança, preocupação com a criação dos filhos, crença de que aquela seria a última agressão e dependência financeira são os principais motivos do silêncio.

Um um dos desafios é mostrar para as vítimas que violência não é coisa natural e não pode ser aceita. Mas há, de maneira geral, uma tolerância social com relação à violência doméstica, e seis em cada 10 brasileiros acreditam que “se a mulher é agredida e continua com o parceiro é porque gosta de apanhar”, conforme pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).   

Há uma procura cada vez maior das classes média e alta e já se compreende que a violência pode ser também psicológica, moral, sexual e patrimonial. Além de mulheres agredidas por namorados, maridos ou ex-companheiros, Anna atende também mulheres vítimas dos filhos, dos irmãos, de parentes etc.    

Há uma ideia equivocada de que a medida protetiva seja uma solução mágica. Fato é que o policial não vai ficar na porta da vítima à espera do agressor. A melhor maneira de a mulher se defender é se fortalecer psicologicamente, ter consciência da situação e dos seus direitos e ter cada vez mais acesso à informação.     

Utilizadas sem a necessidade da instauração de inquérito ou processo penal, as medidas estão em vigor desde 2006 com a Lei Maria da Penha (n. 11.340/06), considerada pela ONU como a terceira melhor lei do mundo no combate à violência doméstica.   

Como e onde denunciar  

Os tipos de violência contra mulher podem ser: moral, patrimonial, sexual, física e psicológica.

As denúncias podem ser feitas pelo Disque 100 e Disque 180: Canais abertos pelo governo federal para fazer denúncias de violência doméstica; Polícia Militar- em caso de emergência, 190. Na região de Ibirama, as vítimas de violência doméstica estão recebendo visita agendada, onde policiais fazem o acompanhamento do caso, oferecem todo suporte necessário para a segurança da mulher, além de disponibilizar recursos para agilizar a denúncia de casos voltados a Lei Maria da Penha. Estas ações fazem parte da Rede Catarina de Proteção à Mulher.

Já o MPSC atende pessoas em situação de vulnerabilidade. Informações e endereços no site.

https://www.mpsc.mp.br/campanhas/violencia-contra-mulher

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