O número de casos de coronavírus disparou em Blumenau na última semana. O índice, que era de 1.110 pacientes infectados no dia 14 deste mês, segundo a prefeitura, passou para 1.478 neste domingo (21), aumento de 33% em sete dias. Desde 1º de junho, quando eram 799 casos, o crescimento chega a 85%.
Nesse meio tempo, o município mais do que triplicou a testagem, o que explica, em parte, o aumento. Mas há vários dados que trazem preocupação, além da diminuição da subnotificação. É esse contexto que, aliado ao comportamento da população, faz o infectologista Amaury Mielle resumir a situação como “de extrema gravidade”.
O número de pacientes ativos na cidade, por exemplo, aumentou 51% em sete dias (para 657 doentes), segundo a Secretaria Municipal de Promoção da Saúde. Além disso, a cidade registrou o maior número de moradores internados em leitos de UTI desde o início da pandemia: oito, sem contar aqueles que vêm de outras cidades.
Ocupação de leitos de UTI
Nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do Médio e Alto Vale do Itajaí, o impacto do avanço da Covid-19 já é sentido. Embora o Estado aponte a existência de 201 leitos na região e uma ocupação de 60% (incluídas todas as doenças), a situação está longe de confortável. Nesta conta, estão 31 unidades pediátricas e neonatais, além de leitos de reserva, que precisam ser acionados.
Na prática, nesta segunda-feira estão ocupados todos os 24 leitos da UTI Geral do Hospital Santa Isabel, por exemplo. Doze novos leitos ainda podem ser ativados, mas isso reduziria o número de equipamentos em backup, para o caso de algum apresentar defeito.
Na Região de Itajaí, o número é ainda mais preocupante, com apenas 27 leitos livres e 77,5% das UTIs com pacientes.
— Já que não estamos mais falando em isolamento social, precisamos ter a consciência da importância de manter o distanciamento. É preciso respeitar o vírus e suas consequências, que não são brandas. Peço para que a população entenda de uma vez por todas que a Covid-19 mata muita gente e deixa sequelas pulmonares e psíquicas com muita dificuldade de reversão — alerta a infectologista Sabrina Sabino

Covid avança pelos bairros de Blumenau
A Covid-19 avançou pelos bairros de Blumenau nas últimas semanas. Itoupava Central e Garcia puxam o crescimento no número de pacientes infectados na cidade. No primeiro, já são 123 casos, enquanto o segundo passou de seis para 83 em menos de dois meses.
Da mesma forma, a procura pelo ambulatório montado no Parque Vila Germânica (específico para casos suspeitos do novo coronavírus) aumentou: 791 pessoas foram até o local com sintomas gripais nos últimos sete dias, 50% mais em relação à semana anterior.
“Situação de extrema gravidade”, diz infectologista
A menos de 60 quilômetros de Blumenau, Itajaí se tornou a cidade com mais casos confirmados da Covid-19 em Santa Catarina e viu os números de mortos crescerem, chegando a 27 neste domingo. Balneário Camboriú, com seis óbitos, contabiliza 915 pacientes infectados. Ambas as cidades anunciaram novas medidas de restrição e vetaram, por exemplo, a permanência nas praias.
Para o infectologista Amaury Mielle, as duas cidades do litoral são “uma extensão de Blumenau” e, por isso, é preciso que sejam tomadas atitudes para amenizar os impactos negativos. Embora a taxa de letalidade entre os blumenauenses seja considerada baixa (0,4%, segundo a prefeitura), na avaliação do especialista o sinal de alerta já está aceso, principalmente depois da liberação precoce das atividades econômicas.
— Flexibilizamos em plena ascensão dos casos, contrariando todos os exemplos de países que já tinham passado pela mesma experiência. Entendo ser de extrema gravidade a situação em que nos encontramos. Existe uma fadiga diante das necessidades de contínua vigilância, o que faz com que parte da população, que já não estava tão fiel ao isolamento social, aja como se tudo estivesse sob controle — aponta o infectologista.
Preocupação com a Covid-19 em SC
SC não escapa desses índices negativos. Depois de registrar o maior número de novos casos em um só dia (777, no sábado, 20), o Estado chegou a 17,5 mil testes positivos para o novo coronavírus e 246 mortes — 26% mais óbitos em relação a sete dias anteriores. Em comparação ao dia 1º de junho, foram 69% mais vítimas fatais no Estado.
Em Florianópolis, depois de um fim de semana em que o secretário de Saúde disse ter sido “uma piada”, por conta do desrespeito ao distanciamento, o prefeito Gean Loureiro sinalizou por novas restrições. Elas devem ser anunciadas na quarta-feira (24).
Fonte: NSC