Capacidade de atendimento está no limite, e a busca por profissionais qualificados é constante

Marcelo Zemke
Na sessão ordinária desta segunda-feira, 17 de março de 2025, a Câmara Municipal de Ibirama recebeu a coordenadora da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), Fabiane Tenfen Soberanski, que fez uso da Tribuna Cultural para compartilhar os desafios e perspectivas da entidade neste ano.
Durante sua fala, Fabiane destacou a importância da instituição, que atua no atendimento a pessoas com deficiência intelectual e múltipla, promovendo inclusão social, educação, saúde e qualidade de vida. Atualmente, a APAE de Ibirama conta com 32 profissionais, entre eles uma jovem aprendiz, três servidores cedidos pela Fundação Catarinense de Educação Especial e 28 colaboradores contratados em regime CLT.
Entre os principais serviços oferecidos pela instituição estão o Programa de Estimulação Precoce, que atende crianças de 0 a 6 anos — atualmente com 94 crianças matriculadas — e as turmas de atendimento educacional especializado, que contam com mais 69 usuários. Os atendimentos são realizados por uma equipe multidisciplinar formada por professores, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos, neurologistas e pedagogos. “Para o Programa de Estimulação Precoce, não é uma escola ou contraturno. São crianças que possuem duas ou mais áreas de atraso no desenvolvimento. Elas passam por avaliação e, se identificada a necessidade, é criado o Projeto Terapêutico Singular para definir os serviços suplementares que a criança irá frequentar.”, disse.
A coordenadora ressaltou que a permanência na APAE se dá de acordo com a necessidade e o diagnóstico, respeitando as diretrizes da fundação. Além disso, reforçou que a instituição não decide sozinha sobre as matrículas — todas são validadas pela Fundação Catarinense de Educação Especial. “Nosso objetivo é promover o máximo desenvolvimento possível das habilidades físicas, emocionais e cognitivas. A APAE é muito mais do que uma instituição — é um espaço de esperança e construção de futuros.”
Entre os principais desafios para 2025, a coordenadora apontou a limitação orçamentária e a necessidade de seguir rigorosamente as diretrizes dos CAESPs (Centros de Atendimento Especializados). “Temos que atender dentro da capacidade da instituição e respeitar os critérios de enquadramento. Isso às vezes gera frustração nas famílias, mas precisamos agir com responsabilidade e dentro da legalidade.”
Desafios
A diretoria da APAE destacou que atualmente a instituição atende 161 alunos no mesmo espaço onde começou há 13 anos com apenas 42. Para suprir a crescente demanda, o refeitório precisou ser adaptado, com três salas de aula funcionando no local. Ainda assim, a capacidade de atendimento está no limite, e a busca por profissionais qualificados, principalmente nas áreas de fisioterapia, psicologia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, é constante.
Mensalmente, a APAE realiza uma média de 300 atendimentos em fisioterapia, 270 em psicologia, 148 em fonoaudiologia, 93 em pedagogia, além de atendimentos em neuropsicologia, serviço social e motricidade. Apesar dos esforços, a fila de espera, principalmente para fonoaudiologia, preocupa. A carga horária da psicóloga já foi ampliada, e negociações para contratar mais profissionais seguem em andamento.
Outro desafio apontado é o transporte. O município fornece ônibus e monitores, mas a falta de veículos adaptados dificulta o transporte seguro de alunos cadeirantes. Além disso, encontrar monitores disponíveis também tem sido uma dificuldade.
Em relação à manutenção financeira, a APAE se mantém através de recursos da Fundação Catarinense de Educação Especial, convênio SUS, Termo de Colaboração com a Prefeitura, além de eventos, projetos e parcerias. No entanto, a despesa mensal da entidade chega a R$ 125 mil, principalmente com folha de pagamento, o que exige constante planejamento e captação de recursos.
Atualmente, a obra da nova sede da APAE está 65% concluída. Já foram investidos R$ 4,1 milhões, mas ainda são necessários R$ 2,2 milhões para a conclusão. A diretoria pede apoio dos representantes públicos e da comunidade para finalizar essa importante estrutura, que será essencial para oferecer um atendimento mais digno e amplo aos alunos.
A APAE de Ibirama reforçou o compromisso com a transparência e continuará realizando a prestação de contas mensalmente, como forma de dar retorno à comunidade e fortalecer a parceria com o poder público e a sociedade civil.