Evento aconteceu em Rio do Sul e reuniu autoridades do Estado para debater a segurança e a situação atual da rodovia federal que corta o Vale do Itajaí
O seminário da campanha “SC Não pode Parar” em Rio do Sul teve como foco as necessidades urgentes da BR-470. O evento realizado nesta quarta-feira (22) faz parte da agenda da campanha, que é uma parceria entre a Fiesc (Federação das Indústrias de SC) e o Grupo ND.
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No rol das rodovias federais que cortam Santa Catarina, a BR-470 cumpre papel fundamental, pois é um dos principais corredores de escoamento da produção catarinense do Oeste ao porto de Itajaí, além de ser rota obrigatória de quem vai do interior do Estado para a BR-101. Por isso, o debate sobre as condições da estrada é urgente.
No seminário realizado na principal cidade do Alto Vale do Itajaí, as demandas mais imediatas em relação à BR-470 foram colocadas na mesa – da conclusão da duplicação do trecho de Navegantes a Indaial à necessidade de um projeto que viabilize a ampliação da estrutura até o Km 199, passando pela manutenção urgente do trecho do Alto Vale.
O presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, abriu o debate falando da visão da indústria sobre a atual situação do setor logístico catarinense. Para ele, é urgente pensar o transporte dentro do Estado com intersecção entre dois modais: rodoviário e ferroviário. Ele ressaltou a importância da BR-470 para o transporte da produção catarinense e o alto custo com a dependência das empresas apenas das rodovias – “de cada R$ 1 real faturado, 0,14 centavos é o custo logístico”, apontou.
Aguiar também destacou a importância de Santa Catarina investir no planejamento logístico e o quanto a falta de um projeto para melhorar as condições do transporte no Estado impactam nos negócios que Santa Catarina deixa de fazer: “O Paraná tem um projeto de intermodalidade e está recebendo altos investimentos em malha rodoviária e ferroviária. Isso é um risco real de perdermos empresas para o estado vizinho, que está puxando as mercadorias transportadas para os seus portos”.
Urgências da BR-470
A importância de investimento na BR-470 ficaram ainda mais claros na fala de Egídio Antônio Martorano, executivo da Câmara e do Conselho de Transporte e Logística da Fiesc. Após a apresnetação da campanha SC Não Pode Parar, Martorano destacou a necessidade de investimentos na BR-470 em curto, médio e longo prazo, ressaltando que mesmo após a duplicação dos primeiros 73 quilômetros, a rodovia seguirá defasada.
O executivo destacou que, em 2020, a rodovia que corta o Vale do Itajaí foi a terceira que mais registrou acidentes e mrotes em SC, com 81 vidas perdidas em 1.240 ocorrências. Além disso, nos últimos 10 anos, 1.059 pessoas morreram na BR-470.
Uma das formas de evitar que mais vidas sejam ceifadas no trãnsito da rodovia é, justamente, o maior investimento em infraestrutura, que reflete diretamente na segurança. Além disso, com as melhorias, a rodovia comporta melhor o trânsito – que atualmente é de 35 mil veículos por dia – e pode, de fato, impulsionar o crescimento do Estado.
Um dos estudos elaborados pela Fiesc mostra como a BR-470 é um trecho importante do chamado “Corredor Logístico Natural Central Catarinense”. Em posição estratégica, a rodovia do Vale do Itajaí conecta a BR-282 a BR-101, criando uma conexão Leste-Oeste que interliga todas as regiões de Santa Catarina. O trajeto, inclusive, serviria de base para a implantação de ferrovias que tbm interligassem as regiões e pudessem, finalmente, criar a intersecção entre modais.
Complementando a fala de Martorano sobre as necessidades da BR-470, o vice-presidente para o Alto Vale do Itajaí da Fiesc, André Odebrecht, fez uma espécie de “desabafo” e chamou de descaso o tratamento que a região recebe. Segundo ele, o investimento em infraestrutura básica para região é insuficiente para que se possa pensar no futuro, já que empresas desistem de se instalar na região por conta da precariedade da rodovia.
Além disso, Odebrecht lamentou a demora do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) em renovar o contrato de manutenção da estrada e promover apenas uma operação Tapa-Buracos em aproximadamente 126 quilômetros da rodovia, sendo que muitos trechos necessitam de reforma estrutural.
“Fomos contemplados por uma operação tapa-buracos, vejam como sonos tratados…, isso que dizer que não houve a mínima manutenção na rodovia. É um absurdo, é inadmissível. Transitar hoje na BR-470 é uma humilhação para o cidadão do Alto Vale. Fotografias em frente às maiores empresas documentam essa condição inaceitável. Nós geramos impostos, empregos de qualidade, riquezas e não temos retorno condizente em termos de infraestrutura”.
O prefeito de Rio do Sul, José Thomé, também criticou a lentidão do DNIT em renovar o contrato para a manutenção da rodovia e também a falta de projetos para duplicar e ampliar a capacidade de tráfego da BR-470 para além de Indaial.
“A rodovia não vai até o Km 73, ela tem mais 126 quilômetros, vai até o 199, e não tem projeto, não tem nada. A gente precisa agradecer a Fiesc por ouvir o nosso desabafo, mas aqui nós temos que unir forças, temos que nos indignar mais vezes”, declarou, para logo depois cobrar também mais ação e contato dos parlamentares que representam o Estado em Brasília.
Por ND+