Safras podem ser afetadas por estiagem

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Em junho de 2019 já haviam registros de estiagem e perdas na produção, e agora, em novembro de 2020 a situação continua preocupante, principalmente para os agricultores, que além de sofrer com a falta de chuva já tiveram perdas com os temporais. De acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri/Ciram), não há previsão de acumulados significativos para os próximos meses e produtores devem procurar alternativa para manter as lavouras.

Apesar de serem comuns durante a primavera, as chuvas não foram suficientes até o momento e trouxeram inclusive prejuízos para algumas propriedades em várias cidades. Há registros de agricultores que foram atingidos três vezes pelo granizo e também pelos ventos fortes. A maior preocupação é com a produção final da safra já que para a maioria deles essa é a única fonte de renda para manter a família o ano inteiro e ainda comprar insumos para iniciar a safra seguinte.

O agricultor Jeferson Rengel trabalha com produção de tabaco e cebola em Chapadão do Lageado, ele reclamou da falta de chuva e disse que é difícil manter a plantação assim. “Não tem outro jeito, a gente precisa irrigar, mas não é a mesma coisa”, comenta.

Para Alvaro Antônio que pretende plantar soja também em Chapadão do Lageado, a seca está atrapalhando o plantio. “Ainda não plantei porque estava esperando pela chuva, até choveu um pouco, mas não foi o bastante”, opina. Ele lembra ainda que no ano passado a pastagem não nasceu e as despesas aumentaram para conseguir manter os animais que possui na propriedade. “Eu plantei o azevém e demorou muito para nascer porque não chovia, precisei alimentar os animais só com a ração e ficou bem caro. A lagoa também ficou praticamente seca, tive que fazer um poço”, lembra.
De acordo com o gerente regional da Epagri, Mauro Nunes, existe um déficit hídrico acumulado que é de quase 50% do que seria o normal. “Em setembro choveu em torno de 80% do que era previsto e isso foi bom porque foi próximo a média histórica, porém esse déficit hídrico acumulado que é bem acentuado não chega a ser resolvido. Essa chuva não chega a resolver o problema com o abastecimento de água, simplesmente choveu e favoreceu um pouco a agricultura, mas elas não são bem distribuídas, por isso é importante a questão de armazenagem de água”, explica.

Ele fala também que outubro é um mês que historicamente chove bastante, no entanto, o acumulado foi de apenas 25 a 50 milímetros o que equivale a 40% do volume esperado para o Alto Vale. Este mês está só começando e há registros de 10 a 20 milímetros, mas não há previsão de volumes expressivos, segundo ele.

Uma das possíveis causas da falta de chuva é a influência do fenômeno La Niña, Mauro diz que a tendência é que o período se mantenha mais seco. “Outro aspecto que é preciso falar é a evapotranspiração, agora os dias são mais longos com maior insolação, aumento da temperatura e para ter uma ideia, a evapotranspiração representa perda de água do solo em torno de 5 a 6 milímetros por dia, isso significa que no mês precisa chover 150 milímetros para suprir a evapotranspiração”, afirma.

Ele diz também que agricultores devem procurar soluções junto ao poder público para minimizar os impactos. “Existem linhas de crédito da Secretaria da Agricultura para investimentos de projetos de Água Para Todos. Os agricultores podem acessar outros recursos também para investimentos em irrigação”, finaliza.

Níveis dos rios

A estiagem é um problema que já se estende desde meados do ano passado. Desde então, centenas de agricultores precisaram recorrer a diferentes formas de captação de água para manter as lavouras e também para o consumo doméstico. A orientação é da Epagri é no sentido de fazer armazenagem de água e evitar desperdícios já que alguns rios já se encontram em situação de alerta e emergência em todo o estado.
De acordo com o aviso hidrológico divulgado pela Epagri/ Ciram nesta sexta-feira (6), o nível do rio em Chapadão do Lageado é preocupante, já que se encontra em situação de emergência, com apenas três centímetros para captação. Em José Boiteux, a situação também é de emergência, e o nível do rio é de 19 centímetros. Ainda no Alto Vale, outras três cidades estão em estado de alerta para os recursos hídricos, Salete, Taió e Vitor Meireles.

Reunião do Governo do Estado

A governadora Daniela Reinehr reuniu nesta semana, representantes do setor produtivo do agronegócio e do Governo do Estado para discutir ações e alternativas para minimizar os efeitos da estiagem que atinge várias regiões de Santa Catarina. Também foi apresentada a avaliação de impactos da seca na produção agropecuária.

“Todo empenho e foco é cuidar dos catarinenses. Não estou medindo esforços para levar apoio nesse momento. A minha forma de trabalhar é ouvir quem está envolvido no processo, buscando as melhores alternativas. Eu pretendo fazer ações que unam todos os esforços das forças producentes. Precisamos agora com agilidade, eficiência encontrar ações imediatas para gerenciar essa crise hídrica, mas também estabelecer critérios e ações de curto, médio e longo prazo que vão nos ajudar para que a situação seja amenizada”, disse a governadora.

Por Rafaela Correa / Diário do Alto Vale