Há mais de seis meses, a realização de eventos foi suspensa em razão da pandemia causada pelo coronavírus. Desde então, muitas empresas continuaram com seus funcionários, mas os custos são altos e se torna inviável, principalmente quando não há faturamento. Para reivindicar a volta com protocolos sanitários, empresários de Rio do Sul e região se uniram em uma manifestação, no sábado (5).
A ação reuniu 60 gestores de empresas do ramo, no centro da cidade, em frente à Catedral São João Batista e teve como principal objetivo chamar a atenção das autoridades para uma possível retomada do segmento. Além disso, um vídeo filmado durante o protesto circulou pelas redes sociais, mostrando a situação de trabalhadores deste setor. “A gente pensou em fazer esse movimento e mostrar para as autoridades que nós também existimos e que estamos esperando também uma solução para que a gente volte a trabalhar. Não informamos antes nas redes sociais, porque acredito que se a gente tivesse anunciado antes teria sido um número muito grande e a gente não queria isso. O objetivo dessa manifestação era fazer um minuto de silêncio pelas vítimas da covid-19 e também pelo esquecimento por parte das autoridades em relação ao segmento de eventos”, disse Odair da Silva.
Ele comenta que a intenção era organizar algo pacífico, seguindo protocolos de prevenção. “Esse foi o objetivo da manifestação deixar claro para as autoridades que os eventos continuam acontecendo, por mais que seja 40, 50, 60 pessoas eles estão acontecendo e de forma clandestina. Nós estávamos lá usando máscaras, tinha álcool em gel, respeitamos o distanciamento e havia uma pessoa orientando”, afirmou.
Questionado sobre a iniciativa, ele conta que tudo começou há aproximadamente duas semanas quando conversou com um colega, que falou sobre manifestações que estavam ocorrendo em outras regiões do estado e do país. Pensando em unir outros empresários e buscar uma possível solução, foi iniciado um grupo de whatsapp, que conta com cerca de 220 integrantes, não só de Rio do Sul, mas de toda a região. A partir disso, uma reunião presencial foi marcada.
“Fizemos um levantamento de sugestões, marcamos uma reunião e avisamos as autoridades. Pedimos que um empresário de cada segmento estivesse presente e conseguimos reunir aproximadamente 60 para discutir essa retomada. Nós criamos também uma comissão para representar o grupo e cobrar das autoridades uma posição a respeito de quando vamos retomar e o que a gente precisa apresentar, se é a questão de protocolo ou uma questão de estarmos preparados para retomada dentro de todos os protocolos de segurança”, explicou.
Ele disse ainda que o movimento foi pensado e aprovado pela comissão, mas que limitaram o número de participantes para evitar a aglomeração no espaço. “Tínhamos a previsão de 80, mas limitamos em 60 para que não fosse um evento tão grande, mas que mostrasse às autoridades que a gente tem força. Para participar do evento, as pessoas precisavam se inscrever e quando deu esse número de pessoas informamos que não podíamos mais aceitar”, esclareceu.
Comissão sugere protocolo
O grupo defende uma volta gradual, com cuidados e já trabalha na criação de um documento com sugestões de protocolos. “O que a gente vê hoje é que os eventos estão acontecendo em sítios, em casas retiradas e estão ocorrendo nas casas das pessoas, o que não há é fiscalização em cima disso. A gente vê aí que as igrejas estão abertas, então o casamento ele pode acontecer na igreja, com o mesmo distanciamento que é feito na missa. A parte do jantar pode acontecer, os restaurantes estão abertos, a questão da música pode acontecer é só ter o DJ no palco com proteção, não há necessidade de ter uma pista de dança no início porque as pessoas vão aos restaurantes, jantam e continuam nas mesas. Existem meios de fazer com que as pessoas fiquem separadas cada uma em sua mesa sem pista. A gente só precisa que as autoridades nos deixem mostrar isso”, avalia.
Odair revela que todos estão cientes de que não será possível iniciar de um dia para o outro e diz que está preocupado com as empresas pequenas. “Tem aqueles empresários com dois ou três funcionários que estão mantendo seus funcionários e às vezes um evento de 30 pessoas vai ajudar ele a se manter no mercado. Imagina seis meses sem faturar. Uma hora o dinheiro do caixa vai acabar. Quando me coloquei a disposição para fazer este trabalho foi pensando em todos, porque nesse momento não há concorrência, existem famílias, pais, mães, filhos, existem pessoas por trás de um CNPJ que precisam se manter, muitas estão passando necessidade. Acho que os nossos governantes precisam ver isso. Precisam lembrar que é difícil passar seis meses sem renda ou recebendo R$600”, afirma.
Trabalhos da Comissão
Além de discutir possíveis protocolos para uma retomada segura, a comissão está realizando uma pesquisa para saber a quantidade de pessoas que trabalham com eventos. “Fizemos uma pesquisa de quantos colaboradores essas empresas estão mantendo, nessa pesquisa que ainda não foi finalizada, temos levantado hoje, que na nossa região 539 pessoas atuam no ramo de eventos, a grande maioria de Rio do Sul. Estes são os diretamente ligados, os que possuem vínculo indireto ultrapassam 1.530”, finaliza.
Reportagem: Rafaela Correa/Diário do Alto Vale