O secretário de Saúde de Brusque, Humberto Fornari, disse domingo (26) à noite, em um vídeo que publicou no Facebook, que médicos em dúvida sobre o uso de cloroquina e hidroxicloroquina para tratar pacientes de Covid-19 têm a opção de “pedir para sair”. Fornari anuncia no vídeo o início do protocolo com o medicamento, que não tem eficácia comprovada, mas tem o aval do Ministério da Saúde.
— Nós temos uma população de médicos, dentro do Centro de Triagem que ainda estão em dúvida quanto a fornecer a medicação à população, mas entendemos que eles têm o livre arbítrio de poder escolher também, se não quiserem prescrever, de pedirem pra sair — disse o secretário, que é médico psiquiatra.
Na justificativa dele, a hidroxicloroquina passa a ser adotada oficialmente para o tratamento dos brusquenses infectados pelo coronavírus porque “houve uma mudança no panorama epidemiológico”, com aumento no número de casos, internações e mortes. Fornari diz que a prescrição vem sendo oferecida em consultórios particulares e a quem tem plano de saúde.
— É uma medicação que não tem ainda uma avaliação científica para prescrição, mas tem uma avaliação empírica, como a gente chama — afirma o secretário.
Estudos publicados semana passada em respeitadas revistas internacionais, como Nature e The New England Journal of Medicine descartaram o uso de hidroxicloroquina para tratamento da Covid-19. Um deles, que envolveu pacientes de Blumenau, não observou melhora de pacientes leves e moderados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) interrompeu testes com o remédio porque não há vantagem em seu uso, enquanto os efeitos colaterais podem ser perigosos.
Prioridade para grupos de risco
No mesmo vídeo, o secretário de Saúde afirma que terão prioridade no tratamento com cloroquina (e, quando houver disponível no município, hidroxicloroquina) os pacientes de grupos de risco, como idosos, diabéticos e hipertensos. São justamente esses pacientes os que têm maior exposição a risco no uso do medicamento, porque ele pode provocar arritmia cardíaca.
Para acompanhar os efeitos colaterais, Fornari anunciou que os pacientes terão acompanhamento com eletrocardiograma.
Letalidade
No Médio Vale do Itajaí, Brusque é a segunda cidade com o maior índice de mortes (1,86) para cada 10 mil habitantes, atrás apenas de Gaspar (2,01). Nos números absolutos, são 25 mortes em Brusque e 14 em Gaspar. Blumenau tem 41 mortes até a manhã desta segunda-feira, segundo a prefeitura, com índice de 1,15 a cada 10 mil moradores. As UTIs reservadas para Covid-19 no Hospital Azambuja estão lotadas.
Apesar disso, as medidas restritivas adotadas pela prefeitura de Brusque são mais brandas que as blumenauenses, com comércio e restaurantes abertos.
Por Por Evandro de Assis / NSC